Great Breakup: por que mulheres líderes estão se demitindo?

Por Helena Botelho de Souza

Jornalista Freelancer na Caderno Nacional

Publicado em 17/11/2022. Atualizado em 17/11/2022

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Conheça o fenômeno e entenda os principais motivadores e consequências do The Great Breakup.

O mercado de trabalho nunca foi tão dependente da participação feminina. Apesar de ainda haver uma disparidade entre a presença de homens e mulheres no mercado de trabalho, cada vez mais mulheres têm ocupado postos e garantido sua participação nos mais diversos setores do mercado: mais da metade das mulheres no Brasil (cerca de 51,56% das mulheres, segundo a FGV) está empregada.

No entanto, a presença feminina nos variados setores encontra também grandes desafios. Durante a pandemia de Covid-19, o desemprego afetou mais as mulheres e fez com que a participação delas no mercado regredisse. Mesmo em cenários de mais estabilidade, outras questões também atordoam mulheres de quaisquer áreas, do nível profissional mais baixo ao mais alto.

Desse cenário, no contexto de liderança corporativa, nasceu um fenômeno recente: The Great Breakup, que abrange exclusivamente as mulheres. Continue a leitura da notícia no Caderno Nacional e conheça mais sobre o movimento.

O que é “The Great Breakup”


Um levantamento feito pela LeanIn.Org e pela McKinsey & Company cunhou o termo “The Great Breakup”, que, por sua vez, trata do fenômeno de líderes mulheres que estão pedindo demissão de seus trabalhos no mundo corporativo.

De acordo com o estudo, “as mulheres estão exigindo mais do trabalho e estão deixando suas empresas em números sem precedentes para obter os resultados desejados. As líderes estão trocando de emprego na taxa mais alta que já vimos – e em uma taxa mais alta do que a dos homens na liderança.”

Em linhas gerais, essas grandes líderes mulheres têm pedido demissão em busca de mais reconhecimento e satisfação profissional em vários aspectos, como encontrar um trabalho com o qual elas se identifiquem mais (seja em termos financeiros, seja em termos de apreço pelo trabalho).

Por que acontece


No estudo, os motivos pelos quais as mulheres líderes estão se afastando de suas empresas se mostram reveladores. Primeiramente, as mulheres líderes são tão ambiciosas quanto os homens, mas em muitas empresas elas enfrentam resistência à sua presença e desafios que dificultam seu trânsito e avanço no espaço.


Elas também são mais propensas a sofrer microagressões depreciativas, como ter ideias e julgamentos mais questionados, ou ainda serem confundidas com alguém mais jovem e inexperiente.


Dentro do papel de liderança e comando de áreas, as mulheres estão fazendo mais para apoiar o bem-estar dos funcionários e promover a inclusão, mas esse trabalho crítico é exaustivo e mostra pouca recompensa.


E, finalmente, é cada vez mais importante para as mulheres líderes que as empresas onde elas atuam priorizem a flexibilidade, o bem-estar dos funcionários e a junção de diversidade, equidade e inclusão. Vale lembrar também que o movimento ganhou força com a pandemia, período em que praticamente todos os profissionais passaram a refletir sobre suas carreiras e sua satisfação profissional.

As consequências do fenômeno


O primeiro e principal impacto do Great Breakup é sobre as empresas que perdem suas líderes. O estudo aponta que “se as empresas não agirem, elas não apenas perderão suas líderes mulheres; correm o risco de perder a próxima geração de mulheres líderes também.”


Isso porque as mulheres jovens e ainda em cargos de níveis mais baixos são ainda mais ambiciosas e valorizam mais o trabalho em um local de trabalho igualitário, solidário e inclusivo. Por isso, ao verem as mulheres mais velhas partirem em busca de melhores oportunidades, provavelmente vão se inspirar para fazer o mesmo.


Vale lembrar, ainda, que a saída das líderes mulheres dessas empresas não é significa a saída do mercado de trabalho em si ou a opção por não trabalhar, mas sim representa a busca por novas oportunidades em outras empresas, que valorizem a participação feminina e atendam às demandas de cada líder, tanto em nível particular quanto coletivo.

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